sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Duelo

E então, os dois cavalheiros marcaram o inicio do duelo para o dia seguinte, ao pôr do sol, na arena central. A noticia já corria rápida pelos caminhos convencionais. Os cavalheiros foram para direções opostas, prepararem-se. A disputa de muito tempo finalmente se converteria em combate. Quem afinal ganharia o coração de Vitória?
Na hora marcada, a arena estava lotada de sentimentos, e todos discordavam sobre quem deveria ganhar. O juiz já se encontrava a postos quando os dois cavalheiros apareceram. Exatamente ao mesmo tempo e vindos de pontos opostos da arena. Um trajava branco dos pés a cabeça enquanto o outro vinha todo de negro.
Cada combatente escolheu sua arma e se dirigiu a um extremo da arena. Quando foi dado o sinal eles começaram a se aproximar cautelosamente, medindo os movimentos um do outro. O duelo começou sem grandes emoções. Os duelistas eram experientes e tinham um nível de habilidade muito semelhante.
O primeiro golpe veio para o cavalheiro de branco. Todos na arena vibraram. Uma onda de euforia atingiu Vitória. Ela sentia vontade de gritar até os pulmões estourarem. De sair pulando pelas ruas. De não parar de se mover um segundo. O cavalheiro de branco agradeceu as urras da multidão.
O cavalheiro de negro não perdeu tempo e, aproveitando a distração do outro, deu seu primeiro golpe. Um silêncio mortal passou a reinar na arena. Vitoria foi assolada por uma depressão sem igual. Sua vontade era de não fazer absolutamente nada. De deitar em uma cama e apenas ficar lá, sem pensar. O cavalheiro de negro não se desligou do combate.
O duelo continuou sem vencedores. O cavalheiro de branco sempre ágil e destemido, pronto para se jogar a luta. O cavalheiro de negro quase não se movia, mas seus golpes eram duros e precisos. O duelo nunca terminava. Não tinha um vencedor. Às vezes, os golpes vinham mais rápidos, outras mais espaçados. E a cada golpe uma onda de euforia ou depressão atingia Vitória.
O duelo continuou por dias, meses. Sempre alternando euforia e depressão. Por fim, não teve jeito. Vitória foi ao psiquiatra. Foi diagnosticada com transtorno bipolar.

5 comentários:

  1. Um final absolutamente brilhante. Muito bom o conto! Abraço, Paulo

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  2. Surpreendente!!! Aliás, você anda caprichando em seus textos, heim? Estou amando estes seus finais...

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  3. Muito bom. Final inesperado.

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  4. Adorei também. Bj de luz e paz a vc e sua mãe,
    Patinha

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  5. Nossa,
    mt bacana seus textos.
    parabens!
    bjs

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