segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sem título

O sinal fecha comigo entre pistas. Tinha que ser hoje! Justo quando havia me organizado para chegar cedo. Já perdi o ponto do ônibus e agora os semáforos não colaboram. Vou chegar atrasado. Esse sol desgraçado na minha cabeça. O suor escorrendo pelo rosto. Eu sinto a camisa grudando nas costas. Preciso de uma água bem gelada.

Tem uma arma na minha cara. A ponta do cano passa a centímetros do meu rosto. O metal negro refletindo o sol. A ameaça está ali. É a única coisa que eu vejo. Então vejo atrás do vidro um sorriso despreocupado. É divertido apontar a arma para os pedestres. Observar a reação deles. Sentir a impotência nos outros. Compensar a própria frustração. Tantas coisas que um sorriso pode revelar.



O carro de polícia passa. O sinal fecha. Atravesso a rua correndo. Vou me atrasar.

6 comentários:

  1. Seus texto me deixou com uma sensação de angústia...

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  2. Quem acha divertido? O autor ou o cara que aponta a arma?

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  3. As pessoas levam tudo muito a sério. ´É só literatura, cara. Não tem que tentar entender.

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  4. acho que quem escreve se diverte.

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  5. Nossa! A vida está assim mesmo. Uma arma é apontada. A vida acaba ou continua. Atravesso a rua correndo.

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