segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Prisão


Estava indo a pé para casa, como sempre fazia. Tinha acabado de sair do trabalho e a rua estava abarrotada e barulhenta. Gente demais, carros demais. O final da tarde ainda estava quente e úmido e vento algum soprava. O suor escorria de sua testa enquanto ele tentava inutilmente seca-lo.
Então, ele trombou no ar. Ele podia sentir algo como uma parede invisível bloqueando seu caminho. Não entendeu o que estava acontecendo ali, e se virou para prosseguir com seu caminho. Trombou de novo. Aquilo estava começando a ficar estranho. Mesmo temendo parecer um palhaço, ele começou a tatear tentando achar o fim da parede.
E se acho preso em um cubo de mais ou menos um metro de base por um e noventa de altura. As pessoas começaram a observar. E ele a se desesperar. Começou a passar freneticamente as mãos pelas paredes, gritar para alguém ajuda-lo, esmurrar o ar. E cada vez mais pessoas paravam a sua volta.
Alguém colocou uma caixa ao seu lado e começou-se a jogar dinheiro dentro dela. Ele olhou para aquilo completamente descrente do que estava acontecendo. Tentou falar com as pessoas, mas elas só aplaudiam a cada coisa que fazia. Os minutos passavam lentamente dentro da prisão. Ele não sabia mais o que fazer. A caixa cada vez mais cheia de dinheiro e ele com cada vez menos oxigênio.
Começou a ficar cada vez mais agitado. Tossia como um asmático. A cor se esvaiu de seu rosto. Seus olhos se arregalaram. As pessoas a sua volta cada vez mais animadas. Tinha cada vez menos força para bater nas paredes. Sentou-se no chão. Olhou para cima e caiu deitado.
Os aplausos foram estrondosos. Uma multidão tinha se reunido para assistir àquele espetáculo inesperado. Ficaram aguardando o artista se levantar para poder cumprimentá-lo. Os segundo foram passando e ele não se levantava. As pessoas começaram a ir embora. Uma ou outra começou a se irritar. Até que uma foi até ele.
Mas não havia muito que fazer agora. Ele já estava morto...

3 comentários:

  1. Muito bom!!!
    Nossa, muito bom mesmo...
    As pessoas assistindo ao que lhes parecia um espetáculo achando que o cara estava atuando bem demais. Era mesmo muito real, afinal, era o real.
    Adorei, Greg. Conto criativo, com clímax e a resolução do clímax no final. Parabéns. :)

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  2. Não deixa de ser um espetáculo por não ser uma atuação...

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