quinta-feira, 3 de março de 2011

Uns Telefonemas


Estava em dúvida se ligava ou não. Tinha medo de parecer desesperado se ligasse ou desinteressado se não. Simplesmente não sabia o que ela esperava. Podia somente me basear em meus conhecimentos puramente teóricos sobre relacionamentos. O que também não era grande coisa...
Liguei. Chamou a primeira vez. Só tinha o celular dela. Chamou a segunda vez. Disquei para ele mesmo. Chamou a terceira vez. Ela tinha falado para nos encontrarmos de novo. Chamou a última vez. Ela devia estar longe do celular. Desligo o telefone. Mais tarde eu ligo de novo, ou falo pela internet, onde tudo começou.
Esperei algum tempo antes de ligar de novo. Fui ocupar a minha mente com outras coisas. A televisão nessas horas era um bálsamo. Vi um programa inteiro antes de pensar em pegar no telefone. Quando o programa acabou, a indecisão bateu mais forte. Será que era o certo a se fazer?
Mais uma vez liguei. Mais uma vez ninguém atendeu. O desanimo começou a bater. Será que eu tinha entendido tudo errado? Aquele momento havia sido só meu? Não conseguia acreditar. Eu não poderia ser tão idiota, mas sobre isso tinha as minhas dúvidas. De qualquer forma, se eu tinha ligado duas vezes, uma terceira não faria mal.
Mais uma hora esperei. Dessa vez fui comer alguma coisa. Angustia me dava fome. Preparei um miojo. Não o da receita do pacote. Um incrementado, com frango de ontem e salsichas. Comi o meu banquete solitário, o que apenas serviu para aprofundar ainda mais a minha angustia. Eu não ligaria antes de passar uma hora.
Mas acabei ligando. E na terceira chamada ela atendeu. Um oi muito sem graça partiu do meu lado. Do lado dela foi mais firme. Eu não podia deixar minha insegurança estragar tudo, outra vez. Fui direto. Direto demais, eu diria. Perguntei se ela falara sério sobre nós sairmos mais vezes juntos.
Não. Ela não falara. Não falara nem isso, para ser exato. Apenas eu que com minha imaginação exacerbada interpretara um momento somente meu em algo mais sério e recíproco. Ainda falamos um pouco no telefone antes dela desligar. Só banalidades. Quando ela desligou senti apenas duas coisa, uma profunda decepção e uma leve sensação de alivio.

4 comentários:

  1. Parece que eu ouço você falando cada palavra escrita. Gosto dos teus textos, tem a tua personalidade, a tua cara.

    ResponderExcluir
  2. Adorei o texto. É dose quando fantasiamos o que na realidade não existe. Por isso que hoje tento não tirar decisões precipitadas. Agora, eu sou mais do tipo, só acredito acontecendo huauhahua.
    Estou seguindo.

    http://geiciblog.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Teem uma brincadeira para você lá no meu blog.

    ResponderExcluir
  4. Ficção e realidade se confundem...

    ResponderExcluir