Faltavam dez questões. Mas eu não queria fazer sequer mais
uma. Havia sido muitas questões, muito tempo. Meu cérebro já não estava mais
funcionando como no inicio. Precisava passar algumas vezes pelo mesmo trecho do
enunciado para entender o que ele pedia e mais algumas vezes pelas respostas
para achar uma que coubesse na pergunta.
Mas a última coisa que poderia fazer era deixar questões em branco. Essa prova
decidiria tudo. As colocações seriam definidas ponto a ponto. A insegurança
batia forte. Eu não podia olhar a questão anterior, pois senão refaria uma
questão que poderia estar certa, e então erraria. Mesmo se não errasse,
perderia tempo.
Cinco já foram. Parecia que as mais difíceis ficaram para o
final. Mas provavelmente era o cansaço falando. Os cálculos mais simples agora
também precisavam ser feitos no papel. E mais de uma vez, quando o resultado
não batia com nenhuma das respostas.
Tentava pensar que se eu fosse bem não precisaria mais
passar por aquilo, que seria a última vez. Mas eu já pensara isso antes e aqui
estava eu. Voltava para a questão. Mas por que diabos um pai iria fazer um
testamento tão complicado? Coisas que só existem em provas...
A questão mais chata chega. A prova de paciência. Marcar o
cartão de respostas. Preencher completamente as bolinhas. E não errar. As
primeiras vão fácil. Porque realmente não é difícil. Mas depois vai enchendo o
saco. A concentração evapora. Um quase erro, dois... E um erro. Atenção
redobrada.
A última bolinha marcada. Todos meus músculos relaxaram
mesmo eu não os sentindo tensos. Avisei o fiscal e fui guardando o material.
Entreguei a prova e fui saindo. Outros também saíam, com expressões semelhantes
de alívio. E uma nova angustia começava: A espera pelos resultados.