quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Até mais

Caros leitores do meu querido blog, eu estou passando por uma fase meio atribulada na faculdade, com muitos trabalhos e coisas para estudar, o que está acabando com a minha criatividade. Para que o nível do blog não caia e eu continue tendo tempo de estudar, que afinal é tudo que eu faço da vida, eu vou ter que descontinuar o blog por tempo indeterminado. Provavelmente até as férias, mas talvez um pouco mais. De qualquer forma eu deixo vocês com essa singela poesia de minha autoria e digo: Até mais.

De passagem

O tempo passa por mim,
acena
e diz:
Fui!
E o pior:
Eu digo:
Vai com Deus.

domingo, 7 de novembro de 2010

Chuva

Hoje era o grande dia. Eu passara mais de um mês jogando indiretas, cantadas sutis... Enfim, dando mole. Garota difícil. Mas eu consegui marcar um encontro, longe dos amigos, da faculdade... Só nos dois. Tudo estava calculado nos mínimos detalhes para dar certo. Eu iria esperá-la na praça e, depois de algumas voltas, levá-la a um restaurante próximo.
Eu tinha que me apressar. Eu tinha marcado as seis, mas eu queria chegar lá antes, para não ter nenhuma surpresa desagradável. Eu saí de casa e fui para o ponto de ônibus. O céu estava lindo, com algumas nuvens douradas no horizonte, prenunciando chuva. Eu não estava levando guarda-chuva, mas esperava que até começar a chover eu já estivesse dentro do restaurante. Depois eu veria como fazer.
O ônibus demorou a chegar. Eu fiquei olhando meu relógio de minuto em minuto. Quando ele chegou, ainda tinha tempo de sobra para chegar a tempo. Na curta viagem, eu fiquei apenas pensando nela. Em seus cabelos de noite, em sua pele de mármore, em seus olhos como uma mata inexplorada. Quase que eu perco o ponto, perdido em meu devaneio.
Cheguei quinze minutos antes do combinado. A praça estava começando a esvaziar. As babás com as crianças já estavam indo para casa, pois começava a escurecer. Os primeiros casais apaixonados apareciam e eu mal acreditava que logo eu poderia ser um deles. Os minutos passavam como lesmas e eu os contava um a um. O chão sob os meus pés foi pisoteado muitas e muitas vezes antes que chegassem as seis horas.
E quando chegou a hora combinada, depois de quilômetros percorridos sem sair do lugar, ela não apareceu. Eu olhei ao redor a procura do menor sinal dela e nada. Eu via os casais andando pela praça, sentando nos bancos, e eu sozinho, esperando. Mas um pequeno atraso não é nada. Ninguém chega sempre na hora. Eu olhei o céu. As nuvens estavam encobrindo o que restava do dia. E agora havia pouca claridade.
Cada minuto que ela atrasava fazia com que o tempo passasse mais lento, em uma progressão geométrica enlouquecedora. Eu esperava impacientemente por ela. Todos os casais estavam se dirigindo a algum lugar. Eu liguei pela primeira vez para ela. “O número que você discou se encontra desligado ou fora da área de cobertura”. Mas ela vinha, eu tinha certeza. O céu estava completamente negro agora, o dia já tinha se extinguido e as nuvens haviam coberto tudo.
Começou a chover. As gotas caiam lentamente, molhando devagar, mas sempre. Eu olhei para os lados. Não havia um único lugar onde eu pudesse me abrigar. Todos os casais haviam ido embora. Liguei mais uma vez. Ela devia estar presa em um engarrafamento, ou tinha perdido a hora. Ouvi a mesma mensagem. E eu estava ali, sozinho, parado, e esperando.
A chuva havia virado uma tempestade. Não havia para onde correr. Eu escorria água. Raios cortavam os céus. Relâmpagos iluminavam a noite. Trovões estremeciam os vidros das casas. O vento chacoalhava mesmo os galhos mais fortes das árvores. E eu continuava esperando. Ela viria, eu tinha certeza. Agora eu não tirava o ouvido do celular, mas a mesma mensagem se repetia sempre.
Vejo as horas. Oito e meia. Olho em volta. Nada. Ela não vem. A tempestade começa a passar. Eu me dirijo ao meu ponto. Pego um ônibus. Vou para casa.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Devaneio

Acordei desejando apenas voltar a dormir. Há algum tempo eu me sinto assim, querendo continuar sonhando para não encarar a realidade. Mas a realidade é mais necessária que o sonho. Seria mesmo? Eu começo a divagar. Cada vez que eu olho para a realidade mais o sonho me parece interessante. No sonho pode acontecer a maior desgraça possível, mas você sabe que é um sonho. Que logo você acorda e tudo vai ter passado.
Mas para onde você acorda? Para a realidade. O lugar onde a sua vontade produz resultados para os outros. Onde você pode mudar o mundo. A realidade não é facilmente trabalhada. Não pode ser mudada em um passo de mágica. O que é mudado não vai voltar ao que era, em um fechar de olhos. Mas os erros também permanecem para todos verem.
Nos sonhos, os erros não existem. Tudo é permitido. Tudo é certo. O mundo é um parque de diversões, com todos os melhores brinquedos. Andar de carrossel, soltar pipa, passar no vestibular, pegar a irmã do amigo, casar com a mulher perfeita, ganhar na loteria. E tudo sem esforço nenhum. Sem luta. Mas sem luta, de que vale o prêmio?
A luta diária é que faz a vida. Sem esforço, qualquer recompensa perde o significado. Você pode aproveitar a parte material dela, mas espiritualmente você está perdendo. Perdendo tanto por não lutar, quanto por não evoluir, em qualquer significado que você dê para essa palavra. Mas, nem toda luta você ganha. E das lutas perdidas você precisa se recuperar.
Os sonhos são feitos para se recuperar das derrotas sofridas. Para cada uma, há um sonho pronto, perfeito para a ocasião. Eles lhe ajudam a reviver os medos, sem traumas. Eles lhe levam aos lugares que você nunca poderá ir, sem custos. Eles lhe trazem o amor de sua vida em uma noite, sem erros. Mas nem sempre o que você precisa é o que você quer. E ai, surgem os pesadelos.
Por pior que seja a verdade, você pode sempre modificá-la. Pode trabalhar para mudar. E se você fizer direito, resultados aparecem. Mesmo que não sejam visíveis. Toda pedra que é colocada na sua frente, é porque você pode retirar. E se suas forças não forem suficientes, sempre há alguém para levantá-la com você. Mas o sonho é um caminho sem pedras... Mas as pedras é que fazem o caminho valer a pena... Mas precisa-se descansar em uma caminhada... Mas precisa-se seguir em frente depois...
E eu me levanto sem convicção. A realidade e o sonho ainda se digladiando em minha mente. E o dia começa.