- Tio! Oh tio!!! - Chamava uma garotinha ruiva, com sardas, um vestidinho amarelo com margaridas e sandálias brancas. Ela falava com um homem, nos seus quarenta anos, vestindo um terno cinza com uma gravata vinho. Estavam no meio de uma rua movimentada, em pleno horário de rush. O homem corria, pois ele tinha uma reunião importante com a diretoria da empresa e estava trabalhando para esta reunião há meses.
- Onde está sua mãe, hein menina? - O homem não parava nem para olhar a garota, mas ela continuava o seguindo. Eles passavam por entre as pessoas e ninguém reparava neles. A multidão apenas seguia o seu curso, vivendo suas próprias vidas, já que não havia nada que a tirasse de sua monotonia.
- Oh tio, porque você está tão apressado? Mesmo com esse trânsito você ainda vai chegar cedo. - Por aquilo ele não esperava. Parou. Olhou bem para a menina. Deveria ter uns sete anos. Ele não a conhecia, mas tinha certeza que lhe era familiar. Pensou na escola dos filhos, nos parentes distantes. Nada. Deveria ser só impressão.
- Tá falando do que menina? Como você sabe disso? Aliás, quem é você? - A menina abriu um sorriso discreto, como se soubesse de alguma coisa que não queria contar. As pessoas ao redor deram alguns olhares discretos para o homem, mas continuaram a passar. E ele começou a ficar irritado.
- Estou falando da sua reunião, não é óbvio? Como eu sei? Simples: eu tinha que saber. E quem sou eu? Isso você só vai poder imaginar. - Dessa vez o homem ficou muito irritado. Agarrou a menina pelo braço e começou a levar ela para um posto de policia que havia por ali.
- Quem quer que sejam seus pais eles vão te dar uma bronca. Ficar bisbilhotando a vida dos outros e ainda por cima tirar sarro. Eu vou querer ter uma conversa séria com eles. - As pessoas começaram a olhar para o homem com algum interesse. Não era sempre que se via algo assim.
- Eu se fosse você não faria isso. No final das contas você só vai se atrasar para sua tão esperada reunião. - O homem não estava ouvindo mais. Ele queria apenas se livrar logo desse problema e ir para a reunião. Agora a menina era responsabilidade dele, ele não podia deixá-la sozinha na rua.
- Policial, eu queria entregar essa criança. Eu a encontrei sozinha, aqui nessa rua mesmo, e estava incomodando as pessoas na rua. - O atendente olhou para o homem como se ele tivesse falando o maior dos absurdos, olhou em direção à menina, coçou o queixo e fez cara de quem não estava entendendo nada.
- Meu senhor, de que criança você está falando? - Nesse momento o homem sentiu que a mão dele não estava mais segurando nada. Ele olhou para o lado e não viu a ruivinha, mas ouviu a voz dela em sua cabeça: “Eu não falei? A propósito, boa reunião.”
Amei, amei e amei! *-*
ResponderExcluirO texto é o melhor do blog, muiiito bom! ^^' Parabéns, mil parabéns!
Gostei demais! Mas, o melhor do blog ainda é "Diana"!
ResponderExcluirA propósito, gostei muito do texto.
ResponderExcluirNossa Greg, PARABÉNS! O texto fico muito bom! Sua criatividade é ótima!
ResponderExcluirOi Grego!Eu ainda não li "Diana" , mas esse é muito bom, o q eu mais gostei até agora. Nos prende e impressiona. Tem ritmo , surpresa , realidade cotidiana e ao mesmo tempo magia. nos deixa reflexivos. Vc é bom! Fica na boa. Valeu!
ResponderExcluirDuas frases de Manoel de Barros:
ResponderExcluir"Tudo que eu não invento é falso."
"Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas." Paulo