segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sem título

O sinal fecha comigo entre pistas. Tinha que ser hoje! Justo quando havia me organizado para chegar cedo. Já perdi o ponto do ônibus e agora os semáforos não colaboram. Vou chegar atrasado. Esse sol desgraçado na minha cabeça. O suor escorrendo pelo rosto. Eu sinto a camisa grudando nas costas. Preciso de uma água bem gelada.

Tem uma arma na minha cara. A ponta do cano passa a centímetros do meu rosto. O metal negro refletindo o sol. A ameaça está ali. É a única coisa que eu vejo. Então vejo atrás do vidro um sorriso despreocupado. É divertido apontar a arma para os pedestres. Observar a reação deles. Sentir a impotência nos outros. Compensar a própria frustração. Tantas coisas que um sorriso pode revelar.



O carro de polícia passa. O sinal fecha. Atravesso a rua correndo. Vou me atrasar.